quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Não tema

Imagem de Maria Matina

Não tema
o que não se controla,
o momento do chute
ou a trajetória da bola.

Não tema
o que não se resolve,
a palavra no poema
ou uso do revólver.

Não tema
o que não dá para apagar
como a trepada dos pais
ou a bomba nuclear.

Não tema
a ausência de temas,
pois há sempre uma história
para se criar com os problemas.

Não tema
se na última reforma
acabaram com o trema,
pois é só mais uma norma.

Não tema
o próximo imprevisto.
Quem foi que disse
para se preocupar com isto?

Não tema
mais uma rima,
é assim que se constrói
uma obra-prima.

Não tema
a vizinhança da morte.
Talvez esta presença
seja o que dá um norte.

Não tema
o que não faz sentido,
pois não fazer sentido
já é também um sentido.

Não tema
a segunda-feira
se há toda a semana
para alcançar o que se queira.

Não tema
se o poema nunca termina:
é apenas uma metáfora
de sutileza pouco fina.

Não tema!
Já que basta pôr um fim
sabendo que se recomeça
seja assado, seja assim.

poema de Guilherme Preger

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