Imagem de Maria Matina
Não tema
o que não se controla,
o momento do chute
ou a trajetória da bola.
Não tema
o que não se resolve,
a palavra no poema
ou uso do revólver.
Não tema
o que não dá para apagar
como a trepada dos pais
ou a bomba nuclear.
Não tema
a ausência de temas,
pois há sempre uma história
para se criar com os problemas.
Não tema
se na última reforma
acabaram com o trema,
pois é só mais uma norma.
Não tema
o próximo imprevisto.
Quem foi que disse
para se preocupar com isto?
Não tema
mais uma rima,
é assim que se constrói
uma obra-prima.
Não tema
a vizinhança da morte.
Talvez esta presença
seja o que dá um norte.
Não tema
o que não faz sentido,
pois não fazer sentido
já é também um sentido.
Não tema
a segunda-feira
se há toda a semana
para alcançar o que se queira.
Não tema
se o poema nunca termina:
é apenas uma metáfora
de sutileza pouco fina.
Não tema!
Já que basta pôr um fim
sabendo que se recomeça
seja assado, seja assim.
poema de Guilherme Preger
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