quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eleições 2010 (6)

A manutenção das UPPs também impõe uma outra questão, a da migração da violência. Ou em outras palavras, as UPPs não resolvem os problemas de violência, que são antes estruturais do que conjunturais, mas o “deslocam”. O último mapa de violência já atesta uma interiorização da criminalidade brasileira e uma migração para áreas recentes de desenvolvimento econômico, como Macaé que, em menos de 10 anos, se tornou uma das cidades mais violentas do Brasil. Áreas assim até então virgens de criminalidade e razoavelmente bucólicas se vêem invadidas por atividades criminosas que, como no caso das favelas, minam sua própria economia. Por outro lado, a diminuição da criminalidade observada conjuntamente em várias capitais brasileiras andou de par não com estratégias de combate policial, mas com a elevação de renda proporcionada pelo aumento do salário mínimo. Um exemplo claro, é que nas duas únicas capitais que figuram entre as 10 cidades mais violentas, Maceió e Recife, são capitais em que a linha de pobreza não diminuiu sensivelmente (ver mapa de violência 2010). Estes fatos, aparentemente contraditórios e paradoxais, de que tanto a riqueza quanto a pobreza atraiam a violência demonstra pelo menos 2 pontos: 1- uma riqueza exógena que não seja produzida em nome da própria população (como é o caso do comércio de drogas em favelas e num outro extremo, o do petróleo para cidades como Macaé) não contribui para a diminuição da criminalidade, antes a incentiva; 2- uma distribuição mais equitativa de renda produzida pela renda endógena promovida pelo aumento de salário pode ser mais eficaz para a redução da criminalidade do que qualquer estratégia de combate policial.


mailto:http://www.institutosangari.org.br/mapadaviolencia/

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