Desejo e linguagem estão assim intrinsecamente correlacionados. O desejo é sempre Simbólico enquanto a libido é Real (e o amor, Imaginário, mas este é outro assunto...). Podemos entender o desejo não como algo “natural”, algo que nos comporia em acordo com a natureza. Assim é o instinto: uma sincronia do ser com a natureza. Já o desejo se estabelece sempre como algo estranho, defasado, “assíncrono”: é antes uma fonte de perturbação ao nosso caráter “natural”. É este caráter perturbatório, aliás, a fonte de sua repressão, já que aprendemos com a psicanálise, que o desejo é sempre reprimido. O importante da relação entre linguagem e desejo é o que torna toda figura de linguagem também uma figura de desejo. Todo símbolo, toda palavra, não traz apenas um significado que precisa ser decifrado, mas também um desejo que demanda interpretação. Todo signo transmite alguma coisa a mais do que sua informação: por que ele foi emitido? O que se deseja, ao se comunicar alguma coisa?
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