quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Teses sobre o desejo (8)

Uma linha “magnética” que vai do sul ao norte, ou dos “membros” inferiores aos “membros” superiores, através de um arco vetorial  é uma boa metáfora para a trajetória do desejo.  E, no entanto, neste percurso, de sua origem sexual ao seu destino “mental”, ocorre um lapso de tempo, um atraso, um retardo. Só podemos saber do desejo sempre “a posteriori”, nunca “a priori”. Um dos fundamentos básicos da psicanálise é justamente o caráter “inconsciente” do desejo: nunca podemos saber de nosso desejo, do que o motivou, a não ser depois de já ter ocorrido, sempre “depois”. Só sabemos do desejo seguindo seus efeitos, isto é, interpretando seus sinais (“sintomas”). “O desejo é a sua interpretação” é uma das primeiras fórmulas lacanianas sobre o desejo. Interpretá-lo é tudo o que podemos saber dele, se é que queremos saber dele. Normalmente, para a imensa maioria das pessoas, não: não se quer saber do desejo, só se quer reprimi-lo...      

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