quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Teses sobre o desejo (6)

A polimorfia sexual humana foi negada através dos tempos por valores religiosos e morais, mas foi defendida pela psicanálise desde o início, para escândalo da mentalidade puritana do início do século XX. A dissociação entre sexo e reprodução, no ser humano, ainda é negada, por exemplo, pela própria Igreja Católica e esta negação é um valor moral que pesa sobre milhões de casais. Porém,  quando a pílula anticoncepcional surgiu na década de 60, esta invenção tecnológica foi uma comprovação prática da teoria psicanalítica, assim como o laser, por exemplo, surgido na mesma época, é uma comprovação da física quântica (contemporânea da psicanálise). Mas o que, no ser humano, causa esta dissociação? Por que o comportamento sexual humano não é programado como nos demais seres? Isto não iria contra a própria seleção natural que precisa garantir e otimizar a reprodução sexual combinatória? Fazer sexo sem visar a reprodução da espécie não é contraproducente, na perspectiva evolucionista?  Sem dúvida, o casamento, por exemplo, é um tipo de “programa” evolutivo, uma ritualização do acasalamento sexual e uma forma social de garantir a continuidade do “homo sapiens”. Mas, como qualquer casal sabe, o casamento não passa de um daqueles “pretextos” que os cônjuges assumem socialmente para realizar intimamente uma variedade de práticas não lá muito “politicamente corretas” de acordo com os códigos evolutivos...

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