terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Último Brinde, tradução do poema de Nicanor Parra

Último brinde
de Nicanor Parra traduzido por Guilherme Preger

Queiramos ou não
apenas temos três alternativas:
o ontem, o presente e o amanhã.

E nem sequer três
porque como disse o filósofo
o ontem foi ontem
nos pertence apenas na recordação:
da rosa que já se desfolhou
não se pode sacar outra pétala.

As cartas para jogar
são apenas duas:
o presente e o dia de amanhã.

E nem sequer duas
porque é um feito bem estabelecido
que o presente não existe
a não ser na medida em que se fez passado
e já passou...,
                        como a juventude. 

Em resumo
apenas nos vai sobrando o amanhã:
já levanto meu copo
por esse dia que não chega nunca
mas que é o único
do que realmente dispomos.


Último brindis
de Nicanor Parra

Lo queramos o no
sólo tenemos tres alternativas:
el ayer, el presente y el mañana.

Y ni siquiera tres
porque como dice el filósofo
el ayer es ayer
nos pertence sólo em recuerdo:
a la rosa que ya se dehojó
no se le puede sacar outro pétalo.

Las cartas por jugar
son solamente dos:
el presente y el día de mañana.

Y nem siquiera dos
porque es um hecho bien estabelecido
que el presente no existe
sino em la medida em que se hace pasado
y ya pasó...,
                        como la juventud.

En resumidas cuentas
sólo nos va quedando el mañana:
yo levanto mi copa
por esse día que ne llega nunca
pero que es lo único
de lo que realmente disponemos.

(de Canciones Rusas, 1964-1967)








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