Valparaíso
Valparaíso:
ascensores, grafites e gaivotas
sob a mirada tumultuosa
do Pacífico
e a chegada iminente do
tsunami.
Jovens tatuados se
divertem
com os malabares,
músicos
tocam tambores no meio
do trânsito e mendigos
dormem em bancos de
praça
nas noites geladas,
enquanto o sonho e a
maresia
incrustam os muros
com a tinta dos
aerossóis.
Los trabajadores hacen
la cola
pelas lotações para
chegar
aos barracões nos
altos
cerros, e a riqueza
cenográfica das
mansiones
é inapropriada como a
água
de la playa em Vinã
del Mar.
Valparaíso, patrimônio
eterno do mundo libre,
como os perros que
perambulam
pelas ruas e latem
quando eclodem as
campanas
de las iglesias
há quinhentos anos.
Observar do alto das
ladeiras
esse oceano infinito,
rasgado por gruas e
cargueiros,
é ter a consciência
exata
de que a sapiência
humana
é uma fraude.
Diminuta, ela só pode
rabiscar sua ignorância
entre o sono e a
ansiosa
espera pela magnífica
e misericordiosa
OLA.
Valparaíso, 12 de
fevereiro de 2017
por Guilherme Preger